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FALA COM ELA
Título Original: Hable con ella
Ano: 2002
País: Espanha
Realizador: Pedro Almodóvar
Actores:
Leonor Watling (Alicia)
Darío Grandinetti (Marco)
Javier Cámara (Benigno)
Fele Martínez
Geraldine Chaplin (Katerina)
Rosario Flores (Lydia)
Roberto Alvárez
Elena Anaya
Lola Dueñas
Adolfo Fernández
Ana Fernández
Chus Lampreave
Loles León
Helio Pedregal
José Sancho
Paz Veja
Argumento: Pedro Almodóvar
Produtor Executivo: Agustín Almodóvar
Director de Produção: Esther García
Director de Fotografia: Javier Aguirresarobe A.E.C.
Montagem: José Salcedo
Música: Alberto Iglesias
Coreografia: "Masurca Fogo" e "Café Müller" Pina Bausch
Director Artístico: Antxon Gómez
Data de Estreia: 31-05-2002
Minutos: 112
Resumo:
FALA COM ELA foi inspirado em vários acontecimentos reais que aconteceram nos últimos dez anos e que eu fui anotando. 1: Uma mulher americana despertava do coma depois de 16 anos. Segundo os médicos o seu estado era irreversível... Impressionou-me muito ver a fotografia da mulher no "El País", apoiada em duas enfermeiras, aprendendo a caminhar de novo... O seu acordar contradiz tudo o que a ciência afirma a esse respeito. 2: Na Roménia, o jovem guarda-nocturno de uma morgue sente-se atraído por uma jovem. A solidão da morte somada à solidão da noite dava como resultado "demasiada solidão", o jovem guarda cede ao impulso dos seus desejos e possui a bela defunta. O que ocorre depois é um desses milagres da natureza humana a que acho que o Papa não deve achar graça nenhuma... Como reacção ao acosso amoroso, a morta desperta para a vida... A jovem sofria de uma doença tipo catalepsia e a sua morte era apenas aparente. (Não fui o único a apontar este acontecimento, em França há dois anos fizeram um filme inspirado nisto). Apesar da família da ressuscitada se mostrar agradecida ao violador não puderam evitar que o metessem na prisão. Levavam-lhe pacotes com comida e arranjaram-lhe um advogado. O insólito da situação provocou um curioso dilema: para a justiça o rapaz era um simples violador, mas para a família, que vivia a realidade segundo os seus sentimentos, o rapaz tinha devolvido a vida à sua filha. A notícia foi totalmente aproveitada, toda ela me inspirou, incluindo o "dilema moral", que também aparece em FALA COM ELA... 3: Em Nova Iorque uma rapariga que está em coma há nove anos fica grávida (sem despertar do coma, não sei o que aconteceu ao dar à luz). Depois de poucos dias descobrem que o culpado foi um homem da clínica. A questão é: como é que um corpo clinicamente morto (a morte é determinada pelo cérebro) pode dar vida...? 4. Acho que foi Cocteau que disse que a "beleza" pode ser dolorosa. Acho que devia referir-se à beleza das pessoas, eu acredito que as situações que têm momentos de beleza inesperados e extraordinários podem fazer-te saltar as lágrimas, lágrimas que parecem mais de dor que de prazer. Lágrimas que ocupam nos nossos olhos o lugar dos ausentes. 5. Desde que vi "The Devil Doll [de Tod Browning]" e "The Incredible Shrinking Man [de Jack Arnold]" que sonho fazer um filme com um ser diminuto onde os pés dos móveis e a orografia do solo tivessem um estatuto de cenário principal. De facto já tinha escrito uma história deste tipo. Todos estes acontecimentos e a recordação de um amor, partido quando ainda estava vivo, inspiraram o argumento de FALA COM ELA.
Pedro AlmodóvarCritícas dos visitantes do Site:
“Fala com Ela”
Pedro Almodovar, já há muito tempo que não tem que mostrar quanto vale, pois
a sua carreira fala por si, contudo, em cada novo filme, cria-se sempre a
expectativa de ver até onde este endiabrado realizador do país vizinho
consegue ir.
Este “Fala com ela”, não deixa de ser um filme há Almodovar, contudo,
qualquer filme depois da obra prima de um autor, tem sempre a árdua tarefa
de o substituir. A verdade é que o filme anterior a este (“Tudo sobre a
minha mãe”), chocou meio mundo, porque o outro meio provavelmente não o viu,
e esse choque tão característico na sua obra, capultou-o definitivamente a
nível internacional, obrigando inclusivamente Holliwood a render-se ao seu
encanto.
Habituado a ser chocado pelos filmes de Almodovar, pela frieza das suas
imagens, pela crueza das histórias, dos argumentos e diálogos, ao ver “Fala
com ela”, fico com a sensação estranha de que este filme, foi uma incursão
num campo muito delicado, bastante perverso, mas de uma forma bastante
eficaz, no entanto sem todo o “kitch” a que nos habituou. É apenas uma
história sublimente apresentada com a sua perversidade intrínseca.
Neste filme, Almodovar continua a explorar as relações amorosas, contudo de
uma perversidade tal, (chocante), mas com um toque tão particular que nos
leva a gostar disso. Soa a esquisito? Pois é verdade. Dizer-se que se cria
afecto por alguém que engravida uma bela bailarina que está em coma,
indefesa... humm!!!
A perversidade não está em mim, nem talvez em Almodovar, talvez esteja na
nossa sociedade, nos nossos afectos, no que deles esperamos, no que é
normal, habitual, ...Ver “Fala com ela” é viver a experiência da beleza de
uma relação pura de amor, é viver a sensação de que, saímos com do cinema
com as ideias baralhas, um nó na garganta, um soco no estômago.....
É ESTRANHO, MUITO ESTRANHO!!! Imagine uma..., duas histórias amorosas que se
cruzam e cujo denominador comum, são duas mulheres em coma e o que cada um
dos homens mais próximos das mesmas, vai “Falar com ela”.
Porventura o filme mais estranho de Almodovar, e só não será a sua obra
prima, porque até ver, melhor que “Todo sobre mi madre”, é deverás
complicado, mas ele promete, e dentro em breve teremos mais um filme “kitch”
e burlesco de Pedro Almodovar.
“FALA COM ELA”, de Pedro Almodóvar
CLASSIFICAÇÃO: **** (Muito Bom)
Estava a ser um filme perfeito, até ao momento em que Benigno é preso; a
partir daí, “Fala Com Ela” perde qualidades, batendo no fundo na fraquíssima
e pouco original solução final.
Sou um fã do Almodóvar, em especial do Almodóvar “kitsch”, o que realizou as
excelentes obras “Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos” e “Kika”. O
Almodóvar que surgiu com “A Flor do Meu Segredo” é também,
indiscutivelmente, um grande realizador, mas não, na minha opinião,
igualmente genial... Sou dos que considera que a sua “vocação” é filmar o
excessivo e não a contenção melodramática.
Mas, além da realização repleta de bom-gosto e da montagem prodigiosa, há
momentos fabulosos neste filme, dos quais destaco o delicioso e criativo
“filme mudo”, também realizado pelo Almodóvar (pensei que só Buñuel fosse
capaz de tal surrealismo...!) e que se conjuga perfeitamente com o restante
filme.
Título do filme
Nome do crítico
Cidade
Data da Crítica
Fala Com Ela
Rui Manuel da Silva Ribeiro
Riba de Ave
11/16/2002
Título do filme
Nome do crítico
Cidade
Data da Crítica
Fala Com Ela
João Pedro Machado
Ermesinde
9/28/2002
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