|
O MIAR DO GATO
Título Original: The Cat's Meow
Ano: 2001
País: Canadá, Alemanha, Reino Unido
Realizador: Peter Bogdanovich
Actores:
Kirsten Dunst
Edward Herrmann
Cary Elwes
Jennifer Tilly
Género: Drama, Thriller
Minutos: 110
Resumo:
A visão do argumentista Steven Peros e do realizador Peter Bogdanovich sobre o fatal passeio no iate privado de William Randolph Hearst, em Novembro de 1924, que juntou algumas das personalidades mais conhecidas do século e resultou numa morte rapidamente abafada e ainda por resolver. Quando Hearst e a sua amante e actriz Marion Davies largaram do porto de San Pedro na madrugada daquele sábado de manhã, tinham como convidados um pequeno grupo que incluía o brilhante Charlie Chaplin, o pioneiro do cinema Thomas Ince, preocupado com os seus recentes e fracos resultados financeiros, a ambiciosa jornalista de mexericos Louella Parsons e o excêntrico escritor vitoriano britânico Elinor Glyn. Contudo, torna-se rapidamente evidente que, se a conversa espirituosa está na ordem do dia, o engano e a decepção também fazem parte da ementa.
Critícas dos visitantes do Site:
“O MIAR DO GATO”, de Peter Bogdanovich
CLASSIFICAÇÃO: **** (Muito Bom)
Apesar da sua simplicidade, este filme é uma delícia!
O seu ponto de partida é uma história (verídica?) curiosíssima.
Primeiro, os factos: Decorria o ano de 1924, em pleno período “loucos anos
20” em Hollywood. Foi a década em que aconteceram alguns dos maiores
escândalos associados a personalidades ligadas ao mundo do cinema: desde o
vulgar adultério, até orgias, droga e mesmo homicídios...! O que é
extraordinário é que foi possível “abafar” muitos dos casos, enquanto
noutros, inocentes foram incriminados. Só recentemente um livro – “Hollywood
Babylon”, de Kenneth Anger – trouxe ao de cima os rumores que então rodeavam
determinados acontecimentos. “O Miar do Gato” adapta precisamente um desses
fait-divers. Decorria portanto o ano de 1924. O magnata W.R. Hearst (cuja
vida também serviu de inspiração a Orson Welles para realizar a obra-prima
“Citizen Kane – O Mundo a Seus Pés”) convida várias personalidades para um
fim-de-semana a bordo do seu iate particular, com o pretexto de comemorar o
aniversário de um dos convidados: Thomas Ince, produtor de cinema. Os outros
convidados incluem: Marion Davies (actriz e amante de Hearst), Charlie
Chaplin (que dispensa apresentações...), Louella Parsons (cronista social) e
outros, irrelevantes para a história. Durante este fim-de-semana, Thomas
Ince morre. A versão oficial responsabiliza as úlceras gástricas de Ince
pelo seu falecimento (ele ter-se-ia sentido indisposto e morreria de
seguida).
No entanto, as circunstâncias que se seguiram foram suspeitas. Antes de
mais, praticamente não houve investigação policial, tendo sido apenas
interrogado Hearst; o secretário de Chaplin, que assistiu ao desembarque
discreto do corpo de Ince, afirmou que este tinha uma ligadura em redor do
crânio; o corpo de Ince foi cremado com excessiva brevidade (para apagar os
sinais que denunciavam crime?); e Louella Parsons conseguiu um contrato
vitalício com o jornal de Hearst (graças a chantagem?).
Surgiu assim uma versão alternativa: Marion Davis (a actriz e amante de
Hearst) estava envolvida romanticamente com Charlie Chaplin; durante aquele
fim-de-semana, Hearst confirmou as suas suspeitas e, num acesso de ciúme,
terá disparado sobre um homem, que usava o chapéu emblemático do Charlot e
que estava de costas a conversar com Marion. A vítima seria afinal Thomas
Ince, que fatalmente colocara o chapéu de Chaplin na cabeça. Louella Parsons
terá assistido ao crime e exigido a Hearst um contrato vitalício pelo seu
silêncio. Os restantes convidados e tripulação (salvo algumas excepções) de
nada souberam, mas corroboraram a versão de Hearst (afinal de contas, todos
tinham telhados de vidro...). A comunicação social também aceitou, sem
polémica, aquela versão (meter-se com o poderoso Hearst significava perder o
emprego...). Em suma, o caso foi “abafado”!
“O Miar do Gato” retrata precisamente esta versão.
É um filme despretensioso, honesto, que denuncia a hipocrisia que circundava
o mundo do cinema em Hollywood. Peter Bogdanovich limita-se, quanto a mim
bem, a dar-nos a conhecer esta história, sem recorrer a grandes artifícios,
mas com muito bom-gosto e sobriedade.
No campo das interpretações, destaco Kristen Dunst (no papel de Marion
Davis), que me surpreendeu pela positiva, correspondendo exactamente à
imagem que todos temos das jovens actrizes daquela época; Jennifer Tilly (no
papel de Louella Parsons), com uma personagem talhada para ela (foi Woody
Allen em “Balas Sobre a Broadway” que revelou esta faceta cómica de Jennifer
Tilly, a qual foi, nessa ocasião, nomeada para o óscar de melhor actriz
secundária); mas a mais estimulante composição pertence a Joanna Lumley, que
prova a sua versatilidade, afastando-se dos maneirismos que caracterizam a
sua personagem na série britânica “Absolutamente Fabulosas”, para
interpretar, com enorme subtileza, a enigmática e nada ingénua narradora
participativa desta narrativa.
Título do filme
Nome do crítico
Cidade
Data da Crítica
O Miar Do Gato
João Pedro Machado
Ermesinde
13/02/2003
Esperamos a vossa colaboração |
VOLTAR CRÍTICAS DE FILMES
VOLTAR PAG. INICIAL